O vento da modernidade também soprou sobre Cotia provocando muitas
transformações... Mas... O que está aparecendo é o despertar de uma juventude que caminha em direção oposta ao legado da velha sociedade que chega ao seu fim. Quer dizer, [já se foi a época] dos adeptos de maio de 1968 [revolução studantil anárquica], e de sua ideologia relativista do "politicamente correto". De agora em diante, essa juventude quer escrever uma
nova História.


terça-feira, 27 de setembro de 2011

Vitrais: joias feitas de luz

     No primeiro vitral que eu vi, eu tive a impressão que aquele mosaico de cores abria um buraco dentro da realidade material e conduzia meu olhar maravilhado para outra realidade que estava além do sensível.
     O vitral me dava a impressão de que além da carapaça da matéria havia uma região aonde o maravilhoso se externava daquela maneira. O vitral, a bem dizer, é a porta dessa região. Depois dessa porta há outra ordem de coisas: está Deus! Aquele vitral é como que o cartão de visitas de Nosso Senhor, como que seu escudo heráldico.
     O escudo heráldico não é a fotografia de um homem, mas é a descrição da mentalidade de uma família. O vitral é a heráldica de Deus.
     A luz criada por Deus penetrava no vitral e Deus como que dizia: "Meu filho, sua alma dá para isso! Sua vida existe para isso! Tudo que está embaixo são coisas que na medida em que conduzem a isso estão bem".
     Resultado: alguém que voltando de olhar para a Igreja de Saint-Michel visse um grupo de punks dando risada da basílica, fazendo cambalhotas e querendo, por exemplo, jogar lixo ali dentro, a posição natural e imediata seria...
     Há uma proporção: quanto mais alto a alma subiu, mais essa reação seria definida. A reação é o termômetro exato do entusiasmo. Mas deixa uma recordação que se fixa para todo o sempre se a alma continua fiel. Ali ela se encontra a si mesma, há uma espécie de identidade dela consigo mesma. Deus criou aquela pessoa para viver nesse estado de espírito. Ela então vive disso.
     Na medida em que ela não vive para isso, ela não tem a fisionomia que Deus quis para ela. Ela não sabe qual é sua verdadeira fisionomia. Dai vêm todos esses vazios, tristezas e frustrações que andam por aí.
     Esse estado de espírito maravilhado diante do primeiro vitral pode passar rápido demais em algumas almas.
*
     A claridade do vitral é uma claridade tamisada, recolhida, uma claridade irmã ou mãe da alma, em que a alma se sente bem tratada, à vontade para tomar distância e colocar-se no seu prisma próprio para olhar todas as coisas. E não reduzida a todo momento à brutalidade do concreto que a luz comum impõe.
     A luz de um vitral é como se um afago materno me tomasse a alma, me circundasse e dissesse: - “Meu filho, agora seja você mesmo, tome distância de todas as coisas e olhe as coisas à luz de si próprio. Essa luz de si próprio não é a luz de seu egoísmo, é a luz de sua inocência”.
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     Vocês sabem que a beleza do vitral não é senão a beleza do sol quando o transpõe. A tal ponto, que depois de se ter posto o sol o obscuro vitral não tem mais beleza nenhuma. ... E assim, vocês fizeram muito bem em dizer que querem a luz, porque vocês queriam alguma coisa que viesse do sol. O vitral é um acidente, e o vitral foi feito pelos homens, o sol foi feito por Deus!
 
Fontes:Plinio Corrêa de Oliveira, 3/1/1982. Texto sem revisão do autor; O Universo é uma catedral.
  *
Tu me chamas Mestre e não me obedeces.
Luz e não me vês.
Caminho e não me segues.
Vida e não me desejas.
Sábio e não me escutas.
Amável e não me amas.
Rico e não me invocas.
Eterno e não me buscas.
Justo e em mim não confias.
Nobre e não me serves.
Senhor e não me adoras.
Se eu te condenar, não me culpes.
                                        
Oração num vitral da Catedral de Lubeck, Alemanha
 
* * *
     O Milagre do sol derrotou a estrela vermelha
 
     Lendo recentemente o livro “O Milagre do Sol” de John M. Haffert (clique aqui e saiba como adquirir um exemplar), uma edição publicada em vernáculo por iniciativa da Associação Devotos de Fátima, deparei com esta frase: “Foi o milagre do sol que derrotou a Estrela Vermelha em Portugal”. Confesso que fiquei muitíssimo impressionado, pois é pura verdade. Explico-me.
     O Milagre do Sol aqui referido foi a estupenda manifestação sobrenatural ocorrida em Fátima no dia 13 de outubro de 1917, durante a última aparição de Nossa Senhora aos três pastorzinhos. Um acontecimento portentoso pois, segundo relato das testemunhas, o sol numa expressão bem portuguesa, bailou nos Céus durante cerca de 10 minutos.
     As descrições daqueles que presenciaram são impressionantes. Eles são unânimes em afirmar que chovia muito na hora do acontecimento, o céu estava carregado de nuvens, mas de repente estas se dissiparam e a imensa bola de fogo começou a rodopiar no céu, mudar de cores e em certo momento veio ligeira em direção à multidão atônita e aterrorizada. Todos pensaram ser o fim do mundo!
     Este espetáculo foi presenciado por cerca de setenta mil pessoas que se aglomeraram junto à azinheira onde Nossa Senhora estava aparecendo, mas também foi visto num raio de mais de quarenta quilômetros ao redor de Fátima.Impressionante, não é? Mas tem mais.
     Raramente a Providência Divina anuncia um milagre marcando data, hora e local onde se dará, e isto foi o quê aconteceu em Fátima. Nossa Senhora havia anunciado o milagre meses antes, e se daria naquele dia, naquela hora e naquele lugar, quem quisesse ver era só estar lá. Foi o que fizeram crentes a ateus, e foi bom, pois estes últimos deram seus insuspeitáveis testemunhos, como é o caso do jornal laico O Século.
     Agora, o que tem a haver entre o milagre do Sol e a Estrela Vermelha?
     A Estrela Vermelha é um dos símbolos do Comunismo Internacional, e Portugal na época das aparições de Nossa Senhora estava sob um regime ateu e comunista. Nove anos antes um movimento liderado por republicanos e anarquistas levou ao assassinato no mesmo dia do Rei D. Carlos I e de seu filho D. Luiz Felipe, herdeiro do trono, e com isto em 1910 proclamou-se a república de um governo comunista.
     Estes comunistas e ateus fizeram de tudo para impedir a aproximação dos fiéis ao local das aparições neste dia 13 de outubro. Posicionaram soldados em pontos estratégicos a fim de barrar aqueles que se aproximavam, mas debalde. A imensa multidão furou o cerco, alguns até feridos pelas baionetas dos soldados, mas nada pôde conter que se aglomerassem junto às crianças que viam a Santíssima Virgem.
     Após estes estupendos acontecimentos houve um obstinado combate das autoridades comunistas à devoção a Nossa Senhora de Fátima. Nos anos que se seguiram, fizeram toda sorte de profanações e sacrilégios, chegando mesmo a dinamitar a pequena capela erguida no local das aparições. De nada valeu, a piedade dos fiéis foi aumentando cada vez mais e os maus foram sendo derrotados até serem definitivamente colocados fora do poder em Portugal. Nossa Senhora venceu!
     É de se notar que na terceira aparição, em julho daquele mesmo ano, Nossa Senhora havia profetizado que a Rússia espalharia seus erros pelo Mundo, promovendo guerras e perseguições aos bons, e foi exatamente nesta mesma época que o comunismo tomou o poder na Rússia através de uma revolução sangrenta contra o Czar, os nobres, e também contra o povo, que foi impiedosamente massacrado pelos bolchevistas.
     Pode-se considerar a Revolução comunista na Rússia como um dos fatos mais trágicos da história da Humanidade, tanto pelo grau de maldade praticada, quanto pela extensão deste mal pelo mundo inteiro. Desde então, tudo se tem passado exatamente como previsto por Nossa Senhora, e até mesmo dentro da Igreja os erros do comunismo penetrou.
     Diante disto resta-nos confiar, lutar e esperar o triunfo do Imaculado Coração de Maria, conforme Ela mesma profetizou: “Por fim, o Meu Imaculado Coração triunfará!”, e esperar o momento em que o Milagre do Sol produzirá o seu último efeito e derrotará definitivamente a Estrela Vermelha no Mundo inteiro!
 
Fonte:www;ipco.org.br 

quarta-feira, 21 de setembro de 2011

Velhos sinos representando a Tradição

    A notícia no “Estado de São Paulo” de 13 de agosto pp., Sinos voltam a repicar nos Jardins, referia-se a restauração de sete sinos da Paróquia de Nossa Senhora do Brasil, nos Jardins, que voltaram a bimbalhar na tarde do domingo anterior.
     O que mais chama a atenção é o trabalho minucioso de recuperação dos sinos ter sido feito por dois jovens, ambos de 26 anos, especialistas na arte de produzir e recuperar sinos históricos. “O restaurador destaca como ponto alto da carreira o trabalho que conferiu nova vida ao conjunto de 61 sinos da Sé, no ano passado. Depois de cinco anos em silêncio, o maior carrilhão da América Latina voltou a soar em dezembro”.
     Nas grandes cidades, as torres das igrejas, que são o habitat natural dos sinos, foram sufocadas pelos gigantescos arranha-céus; as vozes dos sinos foram abafadas pela cacofonia dos motores e das buzinas.
     Pareceria que os sinos não têm mais voz e vez, mas eles continuam vivos! A maioria das pessoas não consegue identificar uma igreja sem a torre e a presença dos sinos é constante nos cartões de Páscoa e de Natal; as crianças identificam os sinos com a própria igreja.
*
     O sino é um instrumento de percussão e um idiofone, cuja forma é aproximadamente de um cone oco que ressoa ao ser golpeado; ele recebeu este nome do latim “signum”, isto é, “sinal”. Mas a sua forma e peso variaram muito durante os séculos; ele é feito geralmente de bronze e outros componentes, para que sua sonoridade chegue a perfeição. Fórmulas secretas, guardadas a sete chaves, passam de geração a geração pelas famílias construtoras (principalmente italianas, alemãs e portuguesas).
     Acredita-se que os mosteiros beneditinos foram os primeiros a utilizar o sino na Itália, nas Gálias e na Inglaterra, para convocar os monges às orações das horas litúrgicas. Outra fonte cita que já em 431 São Paulino de Nola o teria usado em sua catedral.
     O Papa Estevão II, no século VIII, fez construir uma torre na antiga Basílica de São Pedro, nela colocando três sinos. No século IX, o sino aparecia em todas as catedrais e nas igrejas paroquiais.
     Sendo "res sacrae", isto é, instrumento diretamente ligado ao culto, os sinos recebem uma benção própria, reservada ao Bispo; para homenagear determinados santos, seus nomes são gravados em alto relevo em sua forma cônica.
     Seguem algumas inscrições – em latim, língua que convém aos sinos – existentes em velhos e venerados sinos, testemunhas sonoras do cotidiano de cidades ou aldeias:
"Vox mea, vox vitae, voco vos ad sacra, venite" - A minha é a voz da vida que vos convida ao culto divino;
"Laudo Deum verum" - Louvo o Deus verdadeiro;
"Congrego clerum" - Reúno o clero;
"Defunctos ploro" - Choro os mortos;
"Nimbum fugo" - Afugento os temporais;
“Fulmina franfo" - Elimino os raios;
"Sabbata pango" - Alegro os feriados;
"Festa decoro" - Solenizo as festas;
"Excito lentos" - Acordo os preguiçosos.
 
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Palácio Nacl. de Mafra, Portugal
     O dia-a-dia da Cristandade era regulado pelo bimbalhar que, saindo do alto da torre da igreja, invadia os silêncios dos campos vizinhos, das aldeias e das cidades. Durante muito tempo o sino gozou de grande prestígio: soava os alarmes, os socorros, lamentava as pestes e acompanhava, pesaroso, os enterros.
     De acordo com o seu toque, conhecido de antemão pelo povo, o sino alertava para os incêndios, a proximidade dos vendavais, ou então a morte e o sepultamento de uma pessoa da cidade, o nascimento de uma criança, sendo o dobre diferente se fosse menino ou menina.
     O sino era uma forma perfeita de comunicação e o relógio do povoado: às 6 h, ao meio dia e às 18 h, ele lembrava o povo sobre a oração do Ângelus. Ecoando pelos vales, pelas planícies e colinas levavam sempre uma mensagem de Fé e de serenidade. Durante o tempo do Advento e, particularmente na Quaresma, os sinos emudeciam e a sua falta era sentida pelo povo.
     À Missa da meia-noite no Natal e na solene Vigília da Páscoa, livre do longo silêncio penitencial, no máximo do seu esplendor e brilho, o repicar festivo dos sinos inundava de alegria os corações de todos. No Domingo de Páscoa, os sinos anunciavam com alegria a celebração da Ressurreição de Cristo.
     Em países onde a religião era tolerada ou perseguida, em sinal de protesto e de auto-afirmação, os campanários se elevavam aos céus. Uma sã rivalidade havia para ver quem construía a torre mais alta e mais artística de toda a região.  
*
Sineiro russo
     No Ocidente, o sino e o relógio iniciaram uma disputa para orientar e disciplinar a vida das comunidades. Com o tempo, o relógio venceu o sino...
     O sineiro era um faz-tudo dentro da igreja, quase sempre ensurdecido pelo reboar estrondoso dos sinos, e que era obrigado, pelo menos nas grandes catedrais, a pendurar-se numa ponta da corda para fazer aqueles colossos badalarem.
     Os alemães inventaram o relógio mecânico por volta de 1200, pois o braço do sineiro lhes parecia falho para atender a crescente labuta diária. Confiaram então tudo a um pêndulo, num maquinismo composto pelo motor, pelo balancim e pelo escapo, que determinava as obrigações rotineiras de todos, com a máxima certeza alcançada naquela época.
     A tecnologia moderna subiu às torres e aboliu o esforço humano na arte de tocar sinos... Os sinos hoje são eletrônicos e, ainda mais, programados: eles tocam como se mãos invisíveis de anjos os acionassem, enquanto os homens modernos se agitam e raramente prestam atenção neles.
*
     Os carrilhões apareceram no século XV, na Flandres, quando os construtores de sinos, tendo aperfeiçoado a sua arte, conseguiram que cada sino reproduzisse um tom exato. Um carrilhão é formado por um teclado que controla um conjunto de sinos de tamanhos variados, e, consequentemente, de tons diversos. Os carrilhões são normalmente alojados em torres de igrejas ou conventos e são dos maiores instrumentos do mundo. A maior concentração de carrilhões antigos situa-se na Bélgica, Holanda  e nas regiões do norte da França, Alemanha e Polônia.

Sinos do Mosteiro de S Bento - SP

     O Mosteiro de São Bento, em São Paulo, continua a soar seu famoso carrilhão composto de seis sinos: São José, Sagrado Coração de Jesus, São Bento, São Miguel, Dolorosa e Cantabona. O Cantabona [canta coisas boas] pesa 5.500 kg e tem quase 2 m de altura.
     Em Cotia, o sino do Carmelo do Imaculado Coração de Maria nos eleva a um plano espiritual e nos faz pensar na perenidade de nossa Fé, no poder da oração, na serenidade das almas que praticam o bem.
     Amemos esses mensageiros celestes que, nos convocando à oração e dando o som do passado católico, nos comovem, nos alegram e nos enternecem.
*
     Há um fato que me encheu de alegria quando li. O fato é sobre a Rússia czarista.
     Em geral, o primogênito do Czar nascia no Kremlin — hoje tão conspurcado [pelo comunismo]. E naquele recinto constituído por muitos palácios, igrejas, fortalezas, mosteiros etc. — é uma espécie de Vaticanozinho dos Czares — quando nascia o primogênito, o aviso era dado por um sino de uma igreja velhinha que lá havia, datada de não sei que século. Esse toque repercutia nos sinos majestosos do Kremlin, depois por todos os de Moscou. E, de proche en proche, por todos os sinos da Rússia.
     Que o ponto de partida fosse dado por este velho sininho representando uma tradição, e que tanta coisa forte, atual, nova, se dobrasse reverente diante dessa coisa ancestral, fraquinha, mas carregada de todos os valores da História, há nisto algo de simbólico, algo de uma realidade mais profunda, que se pode explicitar.
     Esta realidade é espiritual, e tem um sentido divino. Por isto este símbolo a nós nos enche de alegria. [...] O sino grande, tocando por ordem do sino pequeno, porque este representa algo de espiritual, que é a Tradição, é um símbolo do presente que obedece à continuidade histórica. É também um símbolo da matéria que obedece ao espírito.
     Enfim, há mil outras coisas que se poderiam dizer e que fazem parte da exuberância de simbolismo que é próprio de uma civilização como a concebida por nós, e que é completamente o contrário da civilização de alumínio, da matéria plástica, prática e pasteurizada, do mundo moderno.
                                                                                                            Plinio Corrêa de Oliveira
 

quinta-feira, 15 de setembro de 2011

A descoberta de novas espécies na Amazônia

Drosera amazonica descoberta em 2009


A cada três dias aparece uma nova espécie na Amazônia: razão de alegria ou pretexto de dirigismo invasor? 

     A organização ambientalista internacional WWF (World Wide Fund for Nature) elaborou extensa compilação das mais de 1.200 novas espécies de animais e vegetais descobertas na Amazônia na última década. 
     A divulgação do relatório foi noticiada pela BBC Brasil. Segundo o estudo entitulado "Amazon Alive", entre 1999 e 2009, uma nova espécie foi achada a cada três dias na região.
     Os números comprovam que a Amazônia é um dos lugares de maior biodiversidade da Terra: foram catalogados no período 637 novas plantas, 257 peixes, 216 anfíbios, 55 répteis, 39 mamíferos e 16 pássaros.
     "O volume de descobertas de novas espécies é incrível – e isso sem incluir o grupo dos insetos, onde as descobertas também são muitas", disse a coordenadora da WWF no Brasil, Sarah Hutchison.
     A grande mídia costuma despejar uma constante chuva de pessimismo gerada em ambientes verdes a respeito das espécies que estariam em perigo de extinção. Ela insiste nos riscos e carrega os sublinhados ao falar de sua iminência e de seus assustadores efeitos futuros.
     No fim dessa insistência aparece uma resultante estatizadora: para salvar o bichinho, criar uma formidável máquina de controle legal e burocrático, mais impostos e mais agências a serviço de um dirigismo ambientalista que invade a vida dos homens e obstaculiza o progresso.
     Dessa mentalidade não escapa o citado relatório da WWF: "esse relatório mostra a incrível diversidade da vida na Amazônia e por isso precisamos de ações urgentes para que essas espécies sobrevivam", reafirmou a coordenadora da WWF.

Falcão descoberto em 2002


     Algumas reflexões vêm naturalmente ao espírito diante dessa boa notícia.
     A primeira é que, de fato, ainda há muitas espécies a serem descobertas e o homem nem sabe direito quantas há. Algum dia saberá. 
     Porém, a propaganda "verde" insinua que tudo é conhecido e que os homens estão sempre diminuindo de modo perigoso o "escasso" número existente.  
     Em segundo lugar, o registro de novas espécies – ou o reencontro de espécies julgadas extintas – deveria ser um fator de alegria para os amantes da natureza.
     Mas não é bem essa a reação "verde". Pelo contrário, os achados lhes servem o mais das vezes de pretexto para exigir mais dirigismo, controle, etc.

                                                                                                     Fonte: http://www.paznocampo.org.br/

terça-feira, 6 de setembro de 2011

Tapetes Persas: Tradição e Qualidade


Tapete persa Na'in
     Folheando um jornal de Cotia, nos deparamos com este slogan interessante: Toda a magia do Oriente aos seus pés.  Tratava-se do anúncio de inauguração de uma loja de tapetes orientais – não apenas os persas – na região. O bom gosto ainda subsiste na nossa cidade!
     A frase nos trouxe à memória os contos das Mil e Uma Noites, palácios como o de Alhambra, tendas forradas de magníficos tapetes macios e véus esvoaçantes... E parecíamos “voar” sobre um mágico tapete que sobrevoava um esplêndido deserto dourado e ondulante, mas bastante inóspito, para depois pousar suavemente num oásis, onde nos esperava para um longo repouso um lago cercado de tamareiras.
     Numa outra imagem, víamos os tapetes persas servindo de moldura e repouso para um sultão rodeado de belas peças de serviço cobertas de iguarias que ele generosamente oferece aos seus convidados. O luxo que o cerca é de um bom gosto que nos faz sonhar.
     Mas, na sua origem, os tapetes persas tinham uma finalidade menos charmoso e muito mais prática: eles serviam às tribos nômades como proteção no inverno rigoroso.
     Posteriormente, a tecelagem de tapetes se tornou um meio de expressão artística e uma parte essencial da arte e da cultura persas, manifestadas principalmente na escolha de cores vivas e dos motivos empregados. Os segredos da tecelagem passaram de geração a geração. Os artesãos utilizavam insetos, plantas, raízes, cascas e outros ingredientes como fonte de inspiração.
     A partir do século XVI, a tecelagem de tapetes se desenvolveu até converter-se em arte. E tal arte sofreu várias mudanças em diferentes períodos. Por exemplo, após a invasão mongol, a arte só começou a crescer novamente durante o reinado das dinastias mongóis dos Timúridas e Ilkhanidas.
     Como os materiais utilizados na confecção dos tapetes se decompõem, os arqueólogos raramente conseguem descobrir algum vestígio deles nas escavações arqueológicas. Apenas alguns pedaços desgastados sobreviveram dos tempos antigos e são a única evidência da tecelagem de tapetes. Tais fragmentos dificultam o reconhecimento das características de tecelagem de tapetes anteriores aos séculos XIII e XIV na Pérsia.
     Em 1949, o excepcional tapete Pazyryk foi descoberto entre o gelo do vale Pazyryk, nas Montanhas Altai, na Sibéria. O tapete foi encontrado no túmulo de um príncipe cita. Testes com carbono-14 indicaram que o tapete Pazyryk foi tecido no século V a.C. A avançada técnica de tecelagem usada no tapete Pazyryk indica uma longa história de evolução e de experiências nesta arte.
     O tapete Pazyryk é considerado como o mais antigo tapete do mundo.  Sua área central é de cor vermelho escuro e tem duas grandes bordas, uma representando um veado e a outra um cavaleiro persa. No entanto, acredita-se que o tapete de Pazyryk provavelmente não seja um produto nômade, mas sim um produto de um centro de produção de tapetes aquemênidas.
Tapete persa de Tabriz
     Registros históricos mostram que a corte aquemênida de Ciro, o Grande, em Pasárgada, era decorada com magníficos tapetes. Isto foi há mais de 2500 anos atrás. Alexandre II da Macedônia ficou deslumbrado com os tapetes que viu na área do túmulo de Ciro, o Grande em Pasárgada.
     Existe muita variedade entre os tapetes persas clássicos dos séculos XVI e XVII. Há numerosas sub-regiões que contribuem para as concepções distintas dos tapetes persas deste período, tais como Tabriz e Kerman. Os motivos mais comuns incluem os ramos de videira, arabescos, folhas de palmeiras, conjunto de nuvens, medalhões, e a sobreposição de padrões geométricos em vez de figuras humanas ou de animais.
     Os materiais necessários para a confecção de um tapete persa são: a lã, a seda e o algodão. A lã e a seda são usadas principalmente para o veludo do tapete, e raramente na urdidura e trama, que normalmente são de algodão. A lã de ovelha é a mais usada, principalmente a de fibra larga (extraída do peito e das costas do animal). Chama-se kurk a lã de boa qualidade, e de tabachi a de qualidade inferior. As lãs mais requisitadas procedem de Khorasan ou das tribos luras e curdas.
     O algodão é usado exclusivamente para a urdidura e a trama. Em certos tipos de tapetes, como os de Qom ou de Na’in, o veludo da lã é mesclado com um fio de seda. Nos tapetes mais valiosos o veludo é de seda. Em alguns tapetes antigos são utilizados fios de ouro, de prata ou de seda rodeados de um fio de metal precioso.
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     Segundo Kurt Erdmann, os tapetes do Oriente não chegaram na Europa antes do século XIII. De fato, nas pinturas de Giotto di Bondone (1266-1337) aparecem tapetes presumivelmente de origem persa; provavelmente foi o primeiro a representá-los, seguido de Jan van Eyck (c. 1390 - 1441), Andrea Mantegna (1435-1506), Anthony van Dyck (1599-1641) e Peter Paul Rubens (1577-1640). Os tapetes adquiridos pelos europeus eram muito valiosos para serem estendidos no chão, tal como era costume no Oriente. Os termos usados nos inventários venezianos mostram que os tapetes eram colocados sobre as mesas (tapedi da desco, tapedi da tavola) ou cobrindo arcas que serviam de assento (tapedi da cassa). As pinturas européias confirmam estes usos.
     Atualmente, as técnicas tradicionais de tecelagem estão bem vivas, apesar da maior parte da produção de tapetes ter-se mecanizado. Os tapetes tradicionais tecidos à mão são comprados no mundo todo e geralmente são muito mais caros que os confeccionados à máquina por serem um produto artístico. No Museu do Tapete do Irã, em Teerã, podem ser vistas muitas peças selecionadas de tapetes persas.