O vento da modernidade também soprou sobre Cotia provocando muitas
transformações... Mas... O que está aparecendo é o despertar de uma juventude que caminha em direção oposta ao legado da velha sociedade que chega ao seu fim. Quer dizer, [já se foi a época] dos adeptos de maio de 1968 [revolução studantil anárquica], e de sua ideologia relativista do "politicamente correto". De agora em diante, essa juventude quer escrever uma
nova História.


sábado, 23 de abril de 2011

Façam soar as trombetas!

      No Sábado Santo, vigília da Ressurreição, entre outras cerimônias como a bênção do fogo e a solene procissão do Círio, há o cântico solene da proclamação da Páscoa, chamada na linguagem litúrgica de Precônio Pascal.
     Todo o ritual se reveste de muita luminosidade. A coluna de fogo, representada pelo Círio Pascal, nos eleva a um patamar tão alto que toca no próprio Deus. A música solene dignifica e exalta a grandeza do divino Rei, que ressuscitado e na plenitude de sua majestade e poder se levanta da sepultura.
     A cruz do Círio exalta a Deus como princípio e fim de todas as coisas, dominador da glória e do império, do tempo e dos séculos, pois Cristo ressurgiu dos mortos, glorioso e triunfante, com as cinco chagas representadas pelos cinco grãos de incenso. Chagas gloriosas que brilham como sóis a colocar em fuga as trevas deste mundo.
     Nesse contexto, a voz solene do cantor entoa o Exultet, hino cheio de grandeza e majestade, que se prorrompe em júbilo, convidando as miríades de anjos do Céu a exultar de alegria e celebrar com o clangor de suas trombetas os divinos mistérios da vitória de tão grande Rei:
     Após ter celebrado e acompanhado as cerimônias tristes, mas belas e ricas de significado da Semana Santa, a Terra inteira se vê iluminada pelos raios que o Rei ressuscitado esparge sobre as almas regeneradas pela ação da graça.
     Cristo morre pelos pecados do mundo e ressuscita para manifestar e provar que é o rei da vida e da morte. Ele se debate num duelo persistente e aguerrido, levantando-se da sepultura como rei imortal, glorioso e impassível, triunfador da morte, do pecado e do demônio.
     Enquanto de um lado o cantor exalta a grandeza do Rei, de outro ele implora para que o povo fiel obtenha um raio de misericórdia e bondade, para que possa humildemente cantar, louvar e bendizer Jesus Cristo. Com o afeto do espírito, o canto prossegue, louvando a Deus e ao seu Filho Unigênito, que se dignou vir até a Terra para redimir com o seu precioso sangue a culpa de Adão.
     Como outrora os filhos de Israel foram libertados do Egito cruzando a pé enxuto o Mar Vermelho, Cristo dissipou as trevas do paganismo com o fulgor de seus exemplos, de sua doutrina e de seus milagres. E nessa noite verdadeiramente santa de sua Ressurreição, o mundo inteiro foi arrebatado, vendo-se livre dos vícios e das trevas do pecado.
                                                                                  
                “Exulte o Céu, e os anjos triunfantes,
                 Mensageiros de Deus desçam cantando,
                 Façam soar trombetas fulgurantes,
                 A vitória de um Rei anunciando.” [...]

Que aproveitaria ao homem ter nascido se não tivesse sido resgatado? – pergunta o hino, que exclama o excesso do amor de Deus em relação aos homens, ao conceder-lhes tão grande Redentor para redimi-los de sua culpa. Exalta ainda a noite sagrada e ditosa, a única em conhecer o tempo e a hora em que Cristo ressurgiu dos mortos, saindo vitorioso do santo sepulcro.
     Para reconhecer ainda mais a majestade dessa noite, canta-se cheio de júbilo: “E a noite será clara como o dia; e a noite será luminosa para me alumiar em minhas delícias”. A melodia recorda a santidade da noite que afugenta os crimes, lava as ofensas, restitui aos culpados a inocência e dá alegria aos tristes; extingue os ódios, restabelece a concórdia e submete os impérios a Deus.
     Tenhamos presente que o sacrifício do Homem-Deus, renovado diariamente no altar como uma coluna de fogo acesa pelas mãos de seus ministros, não sofre nenhuma diminuição; pelo contrário, ele comunica a sua luz, porquanto o alimenta a cera que a abelha produziu para compor esse precioso facho.
     A referida luminosidade ressalta a excelsitude de tão grandioso Rei, que ressuscitado veio trazer a luz da fé e o facho ardente do fogo do divino amor para fazê-los arder no coração dos homens e elevá-los à dignidade de filhos de Deus por adoção e participação.
     Ao despojar os egípcios e enriquecer os hebreus, quer a Igreja significar que sendo Nosso Senhor Deus por natureza, quis tornar-se homem, enriquecer-nos dos dons celestes, quebrar os aguilhões da morte e arrebatar das mãos dos maus o timão da História pela instituição da Igreja como coluna e fundamento da salvação.

Padre David Francisquini, Sacerdote da Igreja do Imaculado Coração de Maria, Cardoso Moreira – RJ

Fonte: http://agenciaboaimprensa.blogspot.com

quarta-feira, 20 de abril de 2011

Alma de Cristo, santificai-me

     Talvez não haja entre todas as orações compostas por mente de homem, uma que supere o Anima Christi. Em deliciosa intimidade, em confiante e terníssimo respeito, em clareza de sentido e esplêndida riqueza de substância, só conheço, que se lhe iguale, a Salve Regina e o Memorare. Composta por Sto. Inácio de Loyola, transcrevo aqui esta oração:

Alma de Cristo, santificai-me / Corpo de Cristo, salvai-me / Sangue de Cristo, inebriai-me / Paixão de Cristo, confortai-me / Ó bom Jesus, ouvi-me / Dentro de Vossas chagas, escondei-me / Não permitais que me separe de Vós / Do espírito maligno, defendei-me / Na hora da morte chamai-me / E mandai-me ir para Vós / Para que com os Vossos santos Vos louve / Por todos os séculos dos séculos. Amém.

     A contemplação da Paixão de Nosso Senhor é o maior foco da caridade. É na meditação minuciosa do que sofreu o Homem Deus, é na rememoração afetuosa e constante daquele em que do alto da cabeça até a planta dos pés não havia um só lugar que fosse são, é tendo diante dos nossos olhos dia e noite aquele que sob a mão violenta de seus adversários foi desfigurado a ponto de ser um verme e não um homem, o opróbrio dos homens e o escárnio do povo, que nosso coração se dilata para a comiseração ao próximo. Revendo em todo sofrimento um sofrimento do próprio Cristo, em toda a chaga uma chaga de Cristo, remediando todo sofrimento, curando toda chaga, como se debruçássemos nossa alma amorosa sobre tanta dor, como se aplicássemos com nossos próprios dedos à chaga de Cristo o bálsamo confortador, é com este meio que verdadeiramente teremos a virtude da caridade.
     Narra a História que antes de Cristo não havia hospitais, nem instituições de caridade, e foi uma dama católica, Fabíola, que fundou o primeiro hospital. De lá para cá, quantas obras de caridade se tem fundado! De onde nasceram? Das chagas santíssimas de Nosso Senhor Jesus Cristo pregado na Cruz. É na Paixão de Cristo que nasceu o reconforto de tantas criaturas sofredoras.
     Mas não é só. O melhor bálsamo para as dores humanas não é o remédio, é a compaixão. Compaixão é o sofrimento em união com o próximo, só porque o próximo sofre. É o reflexo dos sofrimentos alheios em nossa própria alma. Como fazer brotar do coração humano, tão frio, tão duro, tão egoístico, a flor da compaixão? Pela meditação da Paixão de Cristo. As almas saturadas dessa meditação sabem verdadeiramente condoer-se do próximo. Só elas têm em seus gestos bastante ternura, em sua voz bastante sinceridade, em seu procedimento bastante discrição, para destilar na alma sofredora do próximo o remédio inigualável da compaixão.


(art. do Prof, Plinio Corrêa de Oliveira extraído do Legionário 22/10/1944 - publicado Jornal de Piracicaba 21/3/1985)

domingo, 10 de abril de 2011

A Nova Constituição Húngara e a Coroa de Santo Estevão

“Deus abençoe os húngaros!”
2, abril, 2011                                                                            Edson Carlos de Oliveira

     Eis a frase que inicia o preâmbulo da nova constituição húngara planejada pelo governo do primeiro-ministro Victor Orban, que visa professar claramente a identidade cristã da Hungria: “Deus abençoe os húngaros!”
     Segundo o site alemão Kath.net (30/3/2011), a apresentação do projeto de reforma constitucional deixou a oposição esquerdista preocupada – o que em geral é bom sinal -, pois o novo texto dará proteção à vida desde sua concepção e definirá o matrimônio como uma instituição composta entre um homem e uma mulher.
     As intenções do governo húngaro não agradaram também a União Europeia, cuja agenda laicista e imoral visa impor o oposto em todos os países integrantes.
     “Somos orgulhosos pelo fato de nosso rei Santo Estevão ter criado o Estado húngaro e colocado nossa pátria como parte da Europa Cristã”, lê-se na redação do preâmbulo.
     Além de professar diversas vezes sua adesão à Cristandade, a Constituição se refere à “Santa Coroa”, que pertenceu a Santo Estevão e com a qual cerca de outros 55 reis foram coroados, como símbolo da nacionalidade.
     Com uma maioria de dois terços no Parlamento, o governo pretende implementar a nova constituição a partir da próxima Páscoa.
* * *

            A propósito da notícia acima, uma pessoa amiga recordou-se de um artigo de 1978, em que o Prof. Plínio Corrêa de Oliveira, ao mesmo tempo em que lamentava a entrega da coroa de Santo Estevão – que há anos tinha sido colocada sob a proteção dos Estados Unidos para que ela não fosse profanada pelos comunistas – para o então dirigente comunista da Hungria, Janos Kadar, prenunciava que o retorno da coroa relíquia poderia significar para aquele país “rios de graças, de modo a que o povo húngaro sacuda o jugo sob o qual jaz”.
            De fato, estamos diante de uma mudança nos rumos daquele país, cujo sinal mais expressivo é esta nova constituição. Que Santo Estevão continue zelando pela Hungria e permita que a nova constituição seja aprovada!
            Para conhecimento dos leitores, segue o artigo mencionado.


"Irridebit"

     Era uma vez um povo inteligente e forte, que habitava uma linda região. Tudo lhe facilitaria a existência, rumo a um futuro glorioso, não fossem os séculos incontáveis de barbaria que sobre ele pesavam. Com a barbaria, crenças primitivas e toscas, costumes pagãos, o vício de viver às expensas dos vizinhos, por meio de guerras de rapina.
     Era tudo isto por volta do ano 1000. Espantado com a idade que atingira, o mundo civilizado se imaginava velho. E alguns extravagantes pensavam até que ia acabar.
     Ora, o mundo — e mais precisamente, o Ocidente — estava nascendo para todas as glórias da civilização que em seguida nele brilhou.
     Um pouco por toda parte, homens de valor começavam a conduzir os povos por sendas que iriam ter à prosperidade e à grandeza.
     Entre estes homens, muitos santos. Pois os homens de destaque daquele tempo coincidiam na convicção de que, em substância, o mais alto valor de um homem consiste em ser santo. Um guerreiro, um sábio, um monarca ou um papa só dariam toda a sua medida quando sua sabedoria, seu heroísmo, sua capacidade de governar as almas ou as nações fossem levados ao zênite pela inigualável força da propulsão da santidade.
     Estamos perto do ano 2000. O mundo se achava então no ano 1000! Como tudo mudou! Onde estão hoje, à testa das grandes atividades humanas, os homens túmidos de seiva cristã que iam soerguendo o mundo no ano 1000?
     Mas — objetará alguém — como é maior o progresso do mundo nesta expectativa final do ano 2000!... — Não me detenho nessa fofa e prolixa questão. A respeito dela, quem vê claro não precisa de explicações. E para quem não vê claro, as explicações não adiantam.
     De qualquer forma, naquele remoto ano 1000, a Igreja tinha a felicidade de ser governada por um grande Papa: Silvestre II. Seus desvelos pastorais — oh, quão autênticos! — cobriam todo o mundo civilizado e perscrutavam o mundo bárbaro, à procura de almas para converter. Assim, divisou ele, no seio daquele povo bárbaro, uma verdadeira flor surgida das noites da barbaria. Era o jovem Duque Estevão, que pedia à Igreja, para si o título de rei, e para sua terra — a Hungria, há pouco convertida — a graça da instituição de uma Hierarquia eclesiástica.
     Silvestre II mandou para as margens do Danúbio, com sua paternal aquiescência, uma obra-prima como melhor não a poderia fazer o ourivesaria do tempo. Era uma coroa régia em que, encastoadas no ouro, refulgiam pérolas e pedras preciosas de várias cores. O jovem rei cingiu a coroa com o propósito inflexível de realizar as esperanças do Pontífice. E do ano 1000 até nossos dias, nenhum rei da Hungria foi maior do que ele. A Igreja o canonizou. Fixou-lhe uma festa no seu calendário. E de então para cá, nessa festa, em todo orbe se evola, dos corações dos fiéis, a mesma súplica: "Santo Estevão, rogai por nós".
     Durante esses mil anos, a coroa de Santo Estevão foi aceita ininterruptamente pelo povo húngaro como símbolo da própria soberania do país. Só era acatado como chefe autêntico deste quem a possuísse.
     E isto ficou assim bem exatamente até nossos dias.
     Tudo isto dito, passemos — ou antes, despenquemos — do panorama de iluminura da Hungria de Santo Estevão, para o panorama de pesadelo da Hungria de Janos Kadar. Santo Estevão, sob o augusto e paternal influxo de Silvestre II, de um lado. De outro lado, Janos Kadar, teledirigido por Brejnev. Poderia ser mais vertiginosa a queda?
     Os comunistas do mundo inteiro pretendem que, com a invasão da Hungria pelas tropas soviéticas em fins de 1944, e o estabelecimento do regime comunista ateu no país, o povo foi libertado do jugo de suas estruturas tradicionais. E conheceu, com a verdadeira liberdade — isto é, a do comunismo — a verdadeira luz, isto é, a do ateísmo. De 1945 para cá, o regime comunista húngaro não tem feito senão coarctar a liberdade religiosa, e empregar todas as formas de pressão, psicológicas e policiais, para extirpar do espírito nacional tudo aquilo de que a coroa fora um símbolo.
     Entretanto, os fatos provam que o esforço dos dominadores vem sendo de fraco rendimento.
     Assim, o governo húngaro manteve enclausurado, por anos, na embaixada dos Estados Unidos em Budapeste, o cardeal Mindszenty, primaz da Hungria. Este prelado velho, isolado, e sobre o qual se fizera, na terra de Santo Estevão, o mais pesado silêncio, perturbava o sono dos governantes, entretanto apoiados em todo o poderio de seus canhões, de sua censura e de sua polícia. E não repousou tranqüilo enquanto não conseguiu de Paulo VI que utilizasse a Obediência — única força diante da qual o grande cardeal anticomunista se inclinou — para removê-lo da Hungria.
     Isso não bastou. O governo comunista conseguiu então, mais uma vez com o apoio da Santa Sé, que todos os bispos húngaros lhe jurassem fidelidade. Era a Hungria de Kadar, ou antes, a pseudo-Hungria de Kadar, a apoiar-se sobre os restos ou as aparências da Hungria de Santo Estevão, para tentar sobreviver.
     O último lance dessa política acaba de jogar-se agora.
     Todos sabem que, em vésperas da ascensão do regime comunista na Hungria, húngaros cujos nomes os jornais não publicam, evitaram que caísse sob as garras do invasor o próprio símbolo da legitimidade de todo o poder na Hungria, isto é, a coroa de Santo Estevão. Foi ela, assim, confiada a um poder terreno, o maior e mais rico que a História conheceu.
     Entretanto, continuavam a dormir desassossegados os procônsules de Brejnev em Budapeste. Pois o povo da Hungria se obstinava em não lhes reconhecer o poder a esses adventícios sobre cuja fronte a coroa de Santo Estevão não brilhava.
     Como conseguiriam eles com seus canhonetes, meter medo nos supercanhões americanos, para lhes extorquir a relíquia incomparável?
     Não é certo que Brejnev tenha recebido essa consulta. Se a recebeu, é certo que sorriu. E disse: "Ora, os canhões! Haverá coisa mais velha e mais inútil, nesta época de "détente", de "Ostpolitik", de Carter e de Paulo VI? A lábia facilmente obterá deles as concessões que tanto desejam fazer-nos".
     E aí estão os fatos. Para ajudar os comunistas húngaros a se manterem no poder, o mais alto potentado da mais poderosa democracia do Ocidente entrega a Kadar a coroa, a relíquia, que fora confiada à nação americana como depósito de honra. Carter manda o secretário de Estado Vance que a entregue, em cerimônia aparatosa, precisamente ao homem que é o contrário do rei evangelizador, ou seja, o déspota materialista.
     A tal propósito, um porta-voz do Vaticano emitiu um comentário que vale por um sussurro ambíguo, e talvez ligeiramente envergonhado. Mas para demonstrar a todos os húngaros que a Igreja concordava com a entrega da relíquia ao ditador comunista e ateu, estava presente, ao ato da entrega da coroa o cardeal Leckai, arcebispo de Ezstergom. O sucessor — "horresco referens" — do cardeal Mindszenty.
     Ambos — Vance e Leckai — como a bradar aos húngaros, aos olhos de Deus, do mundo e da História: "A Igreja e o Estados Unidos apoiam que vossas cervizes de batizados, e com elas as vossas glórias do povo soberano e cristão, sejam esmagadas pelos comunistas ateus, procônsules de Moscou".
     Estamos certos de que incontáveis húngaros, dentro e fora da Hungria, de sua parte replicaram a esse brado, nas lágrimas da indignação: "Santo Estevão, rogai por nós".
     No fundo da alma, incontáveis brasileiros — parte dos quais adormecidos pela apatia que vai invadindo os setores mais sadios da opinião — dizem o mesmo.
     Essa súplica não terá subido ao Céu, em vão. Introduzindo a relíquia na Hungria, Kadar criou uma circunstância preciosa para que seja ainda mais ardente a intercessão de Santo Estevão por seu povo. Com o auxílio inadvertido de Carter e de Paulo VI, entrou na Hungria a coroa-símbolo, a coroa-relíquia, cuja presença poderá talvez atrair para o país legiões de Anjos, e rios de graças, de modo a que o povo húngaro sacuda o jugo sob o qual jaz.
     Meu pensamento se volta para os artífices da volta da coroa. E uma frase me vem aos lábios: "Qui habitat in coelis irridebit eos". Deus se rirá deles: di-lo a Escritura (Ps.2,4).
     "Irridebit": é bem a palavra!

"Folha de S. Paulo", 16 de janeiro de 1978                     Plínio Corrêa de Oliveira

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Rosários vs Piercings

"A integridade corporal e a saúde não devem ser sacrificadas a modismos".

     Um grupo de jovens católicos iniciou, em Roma, um trabalho de apostolado que consiste em oferecer a jovens rosários em troca de piercings. É a Associação Papaboys, que fica num bairro próximo ao Vaticano; eles já acumulam mais de mil piercings, de formatos, cores e tamanhos diferentes.
     “Vamos derreter tudo e criar um coração em homenagem a Maria Santíssima”, disse à BBC Brasil, Daniele Venturi, presidente da associação. “Queremos que esses jovens encontrem o caminho da verdade”.
     Esses jovens católicos vão pelas ruas da capital da Itália oferecendo aos jovens o rosário em troca do piercing, dizendo: “Me dá teu piercing em troca de um rosário. Vamos rezar juntos”? E “Para que colocar mais um peso na cabeça? Larga este ferro. Te liberta”.
     A presidente da referida associação afirma que os Papaboys encontraram uma maneira diferente de se aproximarem dos jovens e trazê-los para Deus.
     A associação conta com 10 mil jovens filiados em todas as regiões italianas.
     “É uma brincadeira”, afirma Daniele Venturi. “Achamos que os jovens vivem pressionados por seguir a moda neste mundo em que tudo gira velozmente. Propomos um objeto diferente do piercing: um rosário, que é muito mais profundo, pode libertá-los e aumentar o vigor dos seus corações”.
     Na avaliação dos Papaboys, o piercing é trocado em nome de uma nova amizade. Afinal, todos aqueles que abandonam o “adorno” são convidados para participar da associação. “Nosso Senhor e os apóstolos formavam um grupo de amigos”, diz Venturi. “Os Papaboys também”. Elas começam pedindo o piercing e acabam convidando para participar de um grupo de oração. Os rapazes podem também integrar o time de futebol da associação.
     O estudante Michele Biaggio, de 22 anos, dá o seu testemunho de quando foi abordado. “Achei que era uma brincadeira e tirei o piercing que tinha no lábio dando muitas gargalhadas. Só descobri que era sério quando eles me mostraram o rosário”, relata. “Gosto da iniciativa. Gosto de saber que tem alguém preocupado com os jovens católicos” (Fonte: www.bbcbrasil.com)
     Os médicos dermatologistas chamam a atenção para o perigo de o piercing transmitir doenças graves como as hepatites e até mesmo a AIDS. Isso acontece porque frequentemente os que realizam a introdução do piercing, fazem a tatuagem ou a automutilação do corpo não tomam as necessárias cautelas higiênicas. Verifica-se que em cada cinco, um adolescente é contagiado assim, ao passo que as adolescentes são duas vezes mais afetadas.
     Os piercings costumam ser fixados em partes do corpo muito impróprias: na língua, umbigo, lábios, e até nos órgãos genitais, o que mostra um comportamento exótico e excêntrico. Às vezes são usados vários anéis fixados através do pavilhão da orelha, e que podem acarretar necrose da cartilagem. O jovem católico não precisa disso.
     Do ponto de vista ético, a prática dos piercings e afins só pode ser rejeitada, pois contribui para afetar negativamente o corpo e a saúde dos usuários. A lei de Deus manda preservar a vida. A integridade corporal e a saúde não devem ser sacrificadas a modismos. Aos pais compete incutir nos filhos uma escala de valores que esteja acima de modismos e ondas do momento, que prejudicam o autêntico desenvolvimento físico e moral dos adolescentes” (D. Estevão Bettencourt)

Fonte: Vocacionadosdedeusemaria.blospot.com; www.adf.org.br 


Piercings e Tatuagens
      A questão dos piercings e das tatuagens está incluída no problema mais geral da liceidade dos adornos, ainda que em alguns casos isso se aproxime do problema da mutilação.
     Adornar-se é lícito e pode ser até necessário ou conveniente, isto é universalmente admitido. A Escritura Sagrada diz bem da esposa que se adorna com suas jóias para agradar a seu esposo: "Quasi sponsa adornata monilibus suis" - Como esposa adornada com suas jóias (Is, LXI, 10).
     Portanto, usar adornos sem intenção impura é lícito. É ilícito usar adornos com fins lascivos e sensuais, ou ainda usar adornos que contrariam os costumes tradicionais legítimos de uma sociedade.
     Uma tatuagem, ou um piercing, pode conter um símbolo, uma idéia. E sempre a tatuagem e o piercing simbolizam a rebelião contra os costumes imemoriais da civilização cristã. Nesse sentido, eles são sempre maus e ilícitos. Portanto, usar tatuagens e piercings para consciente e voluntariamente violar os costumes da civilização cristã é pecado. A gravidade do ato, entretanto, depende do conhecimento e da intenção de quem usa tais "adornos".
     Logo atrás da moda dos piercings vem a dos implantes metálicos, que desfiguram atrozmente homens e mulheres. Chifres, saliências, vértebras horripilantes, figuras antinaturais sob a pele, língua cortada pela metade à semelhança das cobras, são alguns dos efeitos monstruosos.
     E é natural que essa vanguarda da contracultura - fruto maduro do paganismo contemporâneo - chegasse ao "strippirig", isto é, descarnar o próprio corpo mediante brasas ou ferro ardente, considerado como um "jogo" por seus praticantes...
     Contudo, até mesmo entre os adeptos dessas modas são poucos os que conhecem o fundo oculto delas, estabelecido numa “igreja” com seus “reverendos”: a Igreja da Modificação do Corpo, sadomasoquista e satanista.


 


sexta-feira, 1 de abril de 2011

Quaresma, Notícias Impressionantes, Perplexidade, Paineiras

     Todos nós nos lembramos como ficávamos impressionados quando na nossa infância visitávamos as igrejas na Quaresma. “As imagens recobertas de tecido roxo”, explicavam as mães, “significa o luto pela próxima Paixão de Nosso Senhor”. As flores, sempre presentes nos altares, haviam desaparecido. Qualquer símbolo alegre fora afastado em sinal de penitência e contrição pelos pecados que haviam causado tanto sofrimento a Jesus.
     Durante a Quaresma não se ouvia música carnavalesca nos rádios, nem sequer se mencionava “Escolas de Samba”. Era toda uma atmosfera de seriedade, de introspecção, de uma saudável tristeza, que fazia todo católico de bom espírito pensar nos Novíssimos: Morte, Juízo, Inferno, Paraíso. Era época de por “a casa em ordem”: refletir nos pecados, fazer boa confissão, preparar-se para a Comunhão da Páscoa.
     Auxiliavam na tarefa de se fazer uma boa utilização do tempo da Quaresma os sermões dos padres durante as Santas Missas.
     Mas, as coisas mudaram... Hoje são raras as igrejas que através de símbolos procuram elevar a alma dos fieis para a verdadeira razão de ser da Quaresma, da Semana Santa, da Paixão de Nosso Senhor. Enfatiza-se a Ressurreição de Cristo, mas esquece-se que Ele  sofreu a morte de Cruz por causa de nossos pecados...
     E o pior aconteceu este ano!...
     Mudanças climáticas e aquecimento global. Essas são as duas colunas que sustentam o debate sobre a “vida no planeta”, proposto pela CNBB às comunidades católicas e à sociedade brasileira, por meio da Campanha da Fraternidade, que começou na Quarta-Feira de Cinzas”.
     Jogar lixo no chão é pecado”, declara o secretário-geral da CNBB, Dom Dimas Lara Barbosa, Secretário Geral da CNBB, em artigo publicado no jornal O Globo, dia 10 de março p.p. Dom Dimas termina o artigo quase “divinizando” a terra: “Nossa mãe Terra, Senhor, geme de dor noite e dia. Será de parto essa dor ou simplesmente agonia? Vai depender só de nós!”.
     E nos vem à cabeça a pergunta: como ficam as almas de incontáveis pessoas que não ouvem uma palavra sequer sobre o estado de pecado em que jazem suas almas? Enquanto as preocupações dos senhores bispos estão postas na mãe Terra, nossa Mãe Santíssima chora diante dos pecados do mundo.

     Certamente notícias como as que seguem também não estão entre as preocupações de muitos eclesiásticos...
1) Estudo indica que religião pode ser extinta em 9 países ricos
     Analisando censos colhidos desde o século 19, o estudo identificou uma tendência de aumento no número de pessoas que afirma não ter religião na Austrália, Áustria, Canadá, República Checa, Finlândia, Irlanda, Holanda, Nova Zelândia e Suíça.
     Em muitas democracias seculares modernas, há uma crescente tendência de pessoas que se identificam como não tendo uma religião; na Holanda, o índice foi de 40%, e o mais elevado foi o registrado na República Checa, que chegou a 60%”, afirmou Richard Wiener, da Research Corporation for Science Advancement, do departamento de física da Universidade do Arizona.
   
2) Impressionante descoberta: Empresa de biotecnologia está  utilizando linhas de células de bebês abortados em testes de reforço alimentar
     Pepsico, Kraft Foods, Campbell Soup, Solae e a Nestlé estão entre as empresas em parceria com uma empresa de biotecnologia a qual foi encontrada usando linhas de células fetais abortadas para testar intensificadores de sabor, de acordo com um grupo de vigilância pró-vida.
     A empresa de biotecnologia, Senomyx, internacionalmente conhecida, orgulha-se da inovação e sucesso em “programas de sabor”, projetado para reduzir a MSG, açúcar e sal nos produtos alimentares e em bebidas. (…)
     O grupo de fiscalização pró-vida “Filhos de Deus para a vida”, apelou ao público-alvo da Senomyx – as grandes corporações -  e começou uma campanha de boicote às marcas, a menos que a empresa deixe de utilizar linhas de células de feto abortado, em seu teste de produtos. (…)
     Assim, a Nestlé finalmente manifestou a verdade sobre seu relacionamento com a Senomyx, admitindo que foi “estabelecida uma investigação científica”. (...)

3) Notícia do portal Terra (21/3/2011): “Um homem de 41 anos foi preso, na tarde desta segunda-feira, pela suspeita de ter abusado sexualmente da própria filha de 16 anos, em Maringá, no norte do Paraná”. Casos como esse – que lemos nos jornais todos os dias – vão pondo cada vez mais em evidência que os valores inerentes à família estão em perigo de extinção.

     A propósito da Campanha da Fraternidade deste ano, o Papa Bento XVI enviou mensagem à CNBB, na qual diz, entre outras coisas:
     “... sem uma clara defesa da vida humana, desde sua concepção até a morte natural; sem uma defesa da família baseada no matrimônio entre um homem e uma mulher; sem uma verdadeira defesa daqueles que são excluídos e marginalizados pela sociedade, sem esquecer, neste contexto, daqueles que perderam tudo, vítimas de desastres naturais, nunca se poderá falar de uma autêntica defesa do meio-ambiente”.
     Obs. A íntegra da Mensagem do Papa pode ser lida em:
* * *

     Por que “paineiras” aparecem no título?, poderá alguém perguntar. Não vamos aqui fazer campanha “salvem as paineiras”, nem dizer que elas estão em extinção. Não, não é este o nosso tema.
     É que todo ano nesta época as paineiras florescem e se mostram magníficas. Em Cotia são dezenas delas que descansam nossos olhares fartos de tantos horrores. Elas generosa e fielmente nos presenteiam com sua presença alegre e se preparam para nos brindar, na explosão de seus frutos lá pela época do inverno, com brancos flocos macios. É a forma tropical de criar “flocos não gelados” que substituem a bela neve do hemisfério norte.
     Na Quaresma, pensamos, elas nos remetem a uma reflexão que toda alma católica deve fazer: a esperança é uma das virtudes teologais. Apesar de tantos percalços, apesar de Nossa Senhora em Fátima e em Akita ter dito que “se os homens não deixarem de pecar, de ofender a Nosso Senhor Jesus Cristo, virão sobre a Terra castigos terríveis”, ela também disse “por fim, o meu Imaculado Coração triunfará”.
     Aqueles que confiam nEla e no seu Divino Filho podem ter certeza da vitória de ambos e de um mundo onde Eles voltarão a reinar triunfalmente.