O vento da modernidade também soprou sobre Cotia provocando muitas
transformações... Mas... O que está aparecendo é o despertar de uma juventude que caminha em direção oposta ao legado da velha sociedade que chega ao seu fim. Quer dizer, [já se foi a época] dos adeptos de maio de 1968 [revolução studantil anárquica], e de sua ideologia relativista do "politicamente correto". De agora em diante, essa juventude quer escrever uma
nova História.


domingo, 20 de novembro de 2011

Muitos? Ou poucos? e o Voo-cachorro

     Em julho de 1995 a revista Catolicismo publicava o artigo abaixo, três meses antes do falecimento do seu admirável autor.
     Por que reproduzimos aqui este Ambientes/Costumes/Civilizações?
     Simplesmente pela atualidade dos comentários no que se refere ao parágrafo “Opinião Pública”. Quantos hoje em dia são capazes de ler, analisar e tirar suas próprias conclusões dos fatos nacionais e internacionais, ou mesmo individuais?
     A grande maioria lê ou assiste na TV o noticiário e “engole” o que a mídia apresenta e da forma que ela apresenta. E muitas vezes (e quantas!) suas análises estão “comprometidas” com algum (ou alguns) setor que nada tem a ver com uma posição inspirada nos princípios morais que há séculos orientaram a sociedade humana. Ou seja, os Mandamentos da Lei de Deus.
     Para termos uma visão mais eivada do Catolicismo autêntico é preciso que nos informemos em fontes confiáveis e não nos deixemos “deslumbrar” por aparentes “sábios”, que não estão interessados na salvação de nossas almas.
     O segundo artigo dispensa comentários!... 
 
Muitos? Ou poucos?
 
     Esta fotografia e o presente comentário terão muitos ou poucos leitores? É o que Catolicismo se pergunta, entregando à apreciação do público o quadro do pintor alemão Wilhelm Maria Hubertus Leibl.
     Die Dorfpolitiker (Os políticos de aldeia) é o título da pintura que apresenta o conciliábulo entre notáveis de uma aldeia alemã no final do século XIX.
     Como se vê, a conversa em que estão engajados começou de há muito. No instante em que o pintor surpreendeu o grupo, havia um silêncio meio feito de reflexão e meio de cansaço.
     Todos se calam. Não de um silêncio amuado, nem de um silêncio que exprime o desejo de dar por terminado o conciliábulo. Muito pelo contrário, eles estão aí sentados compreendendo que, com intervalos destes, a reunião ainda pode demorar muito tempo dentro da tranqüilidade geral da aldeia.
     Eles estão debatendo temas locais, e a opinião comum a que chegarem será aceita por todos os habitantes da cidadezinha. Pois esta gente sabe discordar para concordar.
     Sendo de um primitivismo cultural que confina com o analfabetismo, talvez alguns deles não saibam escrever e nem sequer ler, mas todos sabem - cada qual a seu modo - observar, refletir, discordar e por fim concordar.
     Pela tranqüilidade do ambiente, percebe-se que sairá um acordo sólido, estável, produzindo contentamento geral na aldeia.
     Opinião pública? Sim, porque começa por ser opinião. Basta examinar cada fisionomia para se ver que cada um tem, a seu modo, opinião formada e, muito mais do que isso, um hábito de formar opiniões. Essa opinião não é pré-fabricada por um jornal com tiragem de milhares de exemplares cotidianos, mas cada um tem dentro de si um linotipo interior em que acaba compondo as suas próprias frases que não serão escritas, que serão depois dadas na reunião.
     Um lê, os outros olham, todos refletem. Bastaria haver distribuição de um pouco de cerveja entre os presentes para que o colóquio se animasse, e desabrochasse em pouco tempo o acordo.
     Pergunta para o leitor brasileiro: Entretém-se ele em fazer uma interpretação como esta, de personagens, atitudes, idéias e resoluções? Deseja ele que Catolicismo, de quando em quando, publique alguma outra matéria deste gênero? Ou prefere que ela desapareça de nossas páginas?
 
Catolicismo - julho 1995 - Plinio Corrêa de Oliveira
 

Voo, cão e Civilização Cristã

     Caminhando pelas ruas do meu bairro noto o aumento da afluência de pessoas levando seu animal de estimação para passear ou mesmo como acompanhante no trajeto para uma compra. Passeadores de pets cruzam e parece ser a profissão que não experimenta recessão, pese a crise econômica mundial. Talvez daqui a pouco teremos que pedir permissão para poder transitar pelas calçadas, haja vista que as guias com as quais os passeadores seguram os pets tolhem sem cerimônia a nossa passagem como se as ruas e calçadas públicas fossem primordialmente deles, pois seus “pais” – alguns chamam seus cachorros de “filhos” – parecem querer fazer-lhes as vontades. Como se já não bastassem as calçadas esburacadas e cheias de obstáculos orgânicos e inorgânicos.
     Passada a aventura de transitar pelas calçadas – tão perigosas quanto o leito carroçável desta metrópole paulistana -, sento-me diante do monitor do meu computador para acompanhar os acontecimentos diários pelos sites de notícias e uma imagem me chamou a atenção.
     Um cão da raça Irish Setter, ou alguma variante, confortavelmente sentado em uma espaçosa poltrona de avião sendo servido por uma prestimosa aeromoça trajada com impecável tailleur. Com o guardanapo de serviço azul no braço esquerdo, ela apresenta um prato de porcelana quadrado e fundo com uma iguaria disposta harmoniosamente e agradável pelas formas e cores. Sorrindo sempre, serve olhando para o cão esperando pela aprovação do cão que está em atitude senhorial.
     O leitor poderá conferir na reportagem propagada “Voo bom para cachorro” com subtítulo mais que descritivo: “Empresa americana acompanha animais de estimação em voos privados”1.
     Carol Martin, ex-comissária de bordo americana e fundadora da Sit ‘n Stay Global, uma empresa que oferece tratamento vip para os pets em viagens privadas garante: “tenho certeza que qualquer cliente que leva seus cachorrinhos para um voo acha que ele é um membro da família e gostaria que ele recebesse toda a consideração caso ficasse doente em um avião”.
     Carol também crê que os cuidados que se prestam aos humanos devem ser igualmente prestados aos animais incluindo “entrevistas” para as comissárias estarem cientes de suas condições médicas e gostos. Os pets, na empresa de Carol, são dispostos em assentos especiais, máscaras de oxigênio e um equipamento para flutuar, em caso de acidente aéreo. E importante: a limpeza do ambiente é feita apenas com produtos recomendados para pets.
     Exageros à parte, devemos considerar o fim a que se destina o homem, a sociedade. Certamente não é a busca da felicidade dos animais como parece indicar os exageros produzidos por esta sociedade dita moderna. É preocupante vislumbrar para onde aponta a aceitação dos princípios subjacentes ao comportamento de considerar os animais como membros da família e dignos de tratamento que muitas vezes nem humanos recebem: a construção de uma nova civilização… civilização? Será mesmo uma civilização? O que é civilização?
     Buscando aprimorar esse conceito encontrei no inesgotável e rico cabedal de princípios e ensinamentos de Plinio Corrêa de Oliveira os fundamentos para esse conceito. Transcrevo-o abaixo2:
O que é uma civilização?
     Não vou me perder aqui em análises de caráter doutrinário a respeito das várias acepções que a palavra “civilização” tem. Eu tomo apenas um elemento comum a todos os sentidos da palavra civilização, e este elemento é a idéia de uma determinada ordem de coisas, que é considerada no seu conjunto, desde os seus aspectos mais elevados no plano religioso e cultural, até seus aspectos mais triviais, no plano puramente material.
     Quando essa ordem de coisas é inspirada por determinados princípios, ela constitui uma civilização que se caracteriza, se diferencia das outras civilizações modeladas segundo princípios diferentes. Uma civilização cristã é aquela que é modelada pelas grandes convicções, pelas grandes inspirações, pelas grandes esperanças, quero dizer, pelas grandes normas morais que Nosso Senhor Jesus Cristo trouxe à terra e das quais a Igreja Católica é a mestra infalível, a mãe, a guia a dispensadora da vida através dos Sacramentos.
     A civilização cristã cria condições para que as almas conheçam melhor a Igreja. A Igreja está para a civilização cristã – mais ou menos, para empregar uma analogia que tem o imperfeito de todas as analogias – mais ou menos como a alma está para o corpo. A Igreja fora de uma civilização seria um pouco comparável a uma alma sem corpo. E uma civilização fora da Igreja é francamente comparável a um corpo sem alma.
     A ordem perfeita consiste em que a Igreja modele uma civilização através da qual Ela possa fazer todo o bem para os homens; uma ordem temporal, portanto, que A ajude a fazer todo bem para os homens. E é, de outro lado, uma civilização que merece ser chamada cristã enquanto ela realiza as condições de vida plenas, indicadas, preceituadas por Nosso Senhor Jesus Cristo.”
     Medidas e pesadas essas sábias palavras, podemos inferir quais atitudes e disposições, dentre tantas outras, que devemos assumir como lutar pela renovação de uma ordem temporal aplicando os preceitos de Nosso Senhor Jesus Cristo, recebidos através do magistério da Igreja. Assim tudo poderá ser restabelecido em seus devidos lugares. Emitte Spiritum tuum et creabuntur, et renovabis faciem terrae – Enviai o vosso Espírito, e tudo será criado e renovareis a face da terra (Antífona da festa de Pentecostes).
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2.  Mensagem aos Correspondentes Esclarecedores da TFP norte-americana (http://www.pliniocorreadeoliveira.info/DIS_19821027_AcausadaCivilizacaoCrista.htm)


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