Por Carlos
Sodré Lanna, www.ipco.org.br
Muita propaganda é espalhada contra os
missionários e os colonizadores das Américas. Essa colossal onda publicitária —
que se levanta contra tão gloriosa data, 12 de outubro de 1492, início da
cristianização de nosso Continente — tende a contestar a própria missão dada
por Nosso Senhor Jesus Cristo à sua Igreja “Ide, pois, e ensinai a todas as gentes” (Mt. 28, 18-19).
Defensores do neotribalismo missionário e indigenista, os principais
nomes da Teologia da Libertação têm condenado a conquista e a
evangelização da América e protestam contra as celebrações comemorativas da
descoberta triunfalmente empreendida por Cristóvão Colombo.
A falsa doutrina sobre a
evangelização da América
Em julho de 1986, reuniu-se em Quito (Equador) a II Consulta Ecumênica
da Pastoral Indígena Latino-Americana. Representantes de 15 países do
Continente lançaram um “manifesto indígena”.
Nele se expressa, pela primeira vez com apoio católico, uma “recusa
total das celebrações triunfalistas”.
Para os delegados dos índios “não houve o tal descobrimento, mas uma
invasão com suas implicações: genocídio pela ocupação, usurpação de
territórios, desintegração das organizações sócio-políticas e culturais e
sujeição ideológica e religiosa”.
Da Associação de Teólogos do Terceiro Mundo, o ex-religioso franciscano Leonardo Boff e Virgilio Elizondo lançaram um manifesto contra a evangelização da América. Dizem eles: “No dia 12 de outubro de 1492 começou para a América Latina e para o Caribe uma sexta-feira santa de dor e de sangue, que prossegue até agora sem conhecer o domingo da Ressurreição. 1492 é a data dos conquistadores e não das populações autóctones. Não é a lembrança duma bênção, mas o pesadelo de um genocídio”. (*)
Da Associação de Teólogos do Terceiro Mundo, o ex-religioso franciscano Leonardo Boff e Virgilio Elizondo lançaram um manifesto contra a evangelização da América. Dizem eles: “No dia 12 de outubro de 1492 começou para a América Latina e para o Caribe uma sexta-feira santa de dor e de sangue, que prossegue até agora sem conhecer o domingo da Ressurreição. 1492 é a data dos conquistadores e não das populações autóctones. Não é a lembrança duma bênção, mas o pesadelo de um genocídio”. (*)
A verdadeira doutrina católica
sobre a evangelização da América
Em face das novidades que esses neomissionários querem nos inculcar,
cumpre ouvir a voz da Igreja, a fim de melhor conhecer a verdadeira doutrina
católica a respeito.
Numa continuidade impressionante, os Romanos Pontífices pronunciaram-se
sobre o tema à margem das controvérsias históricas, de modo a não deixar
dúvidas.
A Livraria Editora Vaticana publicou uma coletânea de 837
documentos papais somente do período 1493-1591, intitulada “Americae
Pontificiae – Primi Saeculi Evangelizationis”, aos cuidados do Pe. Josef
Metzler, diretor da Escola Vaticana de Paleografia. Ela reúne as bulas de
Alexandre VI até Gregório XIV, conservadas no Arquivo Secreto do Vaticano,
sobre a evangelização das Américas.
Em sua célebre Bula “Inter Caetera”, de 3 de maio de 1493,
Alexandre VI afirmava que “a Fé católica e a Religião cristã sejam exaltadas
sobretudo em nossos tempos e por onde quer que se ampliem e dilatem, e se
procure a salvação das almas, e as nações bárbaras sejam submetidas e reduzidas
à Fé cristã”.
Em 29 de maio de 1537, o Papa Paulo III, com sua “Pastorale
officium”, condenava o comércio de escravos e afirmava que os indígenas
deveriam ser considerados homens e não animais.
Pouco depois, o mesmo Paulo III, no documento “Exponi nobis super
fecisti”, concedia aos sacerdotes que trabalhavam nas Américas a faculdade
de denunciar às autoridades os colonos que escravizavam os silvícolas do novo
Continente.
São Pio V, em carta de 10 de agosto de 1568, elogiava o zelo pela
conversão dos índios manifestado pelo Rei da Espanha, Felipe II. O Papa
acompanhava com vigilante atenção a idoneidade das nomeações de vice-reis e
autoridades menores responsáveis pela evangelização e proteção dos aborígines
americanos contra possíveis excessos cometidos pelos colonizadores.
Confirmando a doutrina corrente na época, os Pontífices ratificaram o
direito das nações ibéricas de colonizar a América e evangelizar seus
habitantes. Para isso, delegavam responsabilidades e faculdades especiais aos
reis de Portugal e Espanha, cuja reconhecida vocação apostólica exaltavam.
Quem percorrer os documentos papais do primeiro século de colonização
constatará o elogio feito à magna obra civilizadora. E também o minucioso
cuidado da Igreja na correção dos abusos cometidos, pelo respeito aos direitos
naturais dos índios e seu modo de vida no que tivesse de legítimo ou
resgatável.
O Papa Gregório XIII publicou nada menos do que 155 documentos e, Sisto
XV, 102, quase todos destinados a fixar normas para favorecer a conversão dos
índios.
O IV Centenário do Descobrimento da América mereceu uma Encíclica do
Papa Leão XIII, em 16 de julho de 1892, sob o título “Quarto abeunte
saeculo”.
Pio XII, em mensagem de 8 de janeiro
de 1948, chamou o processo de evangelização da América de “epopeia
missionária”.
Ao encerrar o Simpósio Internacional sobre História da Evangelização da
América, no Vaticano, em 14 de março de 1992, João Paulo II reafirmou os
ensinamentos de seus predecessores e recapitulou os “fundamentos de uma
colonização cristã” desenvolvidos por Frei Francisco Vitoria (1480-1546),
dominicano espanhol da famosa Escola de Salamanca.
O Papa lembra que o mestre dominicano explanou os direitos naturais dos
índios como “seres racionais e livres, criados à imagem e semelhança de
Deus, com um destino pessoal e transcendente pelo qual podiam salvar-se ou
condenar-se”.
O Pontífice destaca que, “conforme a doutrina exposta por Vitoria, em
virtude do direito de sociedade e de comunicação natural os homens e povos
melhor dotados tinham o dever de ajudar aos mais atrasados e subdesenvolvidos”.
Assim justificava Vitoria a intervenção da Espanha na América.
Nada mais contrário, pois, à posição dos neomissionários, do que o firme
e ininterrupto ensinamento dos Papas a respeito da evangelização da América.
Notas:
(*) A Voz das vítimas, Ed. Vozes, Petrópolis, RJ, 1960
OUTRAS OBRAS CONSULTADAS:
1. Plinio Corrêa de Oliveira, Tribalismo Indígena, Ideal comuno-missionário para o Brasil no século XXI, Editora Vera Cruz, São Paulo, 1979.
2. Alberto Caturelli, El Nuevo Mundo – El Descubrimiento, La Conquista y la Evangelización de América y La Culturà Occidental, Centro Cultural Edamex, Cidade do México, 1991.
Notas:
(*) A Voz das vítimas, Ed. Vozes, Petrópolis, RJ, 1960
OUTRAS OBRAS CONSULTADAS:
1. Plinio Corrêa de Oliveira, Tribalismo Indígena, Ideal comuno-missionário para o Brasil no século XXI, Editora Vera Cruz, São Paulo, 1979.
2. Alberto Caturelli, El Nuevo Mundo – El Descubrimiento, La Conquista y la Evangelización de América y La Culturà Occidental, Centro Cultural Edamex, Cidade do México, 1991.
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