Minha mãe – escreve ele – era filha de uma raça de santos, mas excedeu em muito a santidade dos
seus avós. Era indulgente e modesta, sabendo, porém, desenvolver em certas
circunstâncias uma força e energia de alma superior à coragem dos homens.
Bem que
fosse de sangue e estirpe nobre, o maior título de nobreza, a seus olhos, era o
seu título de cristã e filha de Deus. Era mui bela, mas desprezava o falso
brilho da vaidade e, deixando às atrizes e comediantes os adornos artificiais,
para si mesma não procurava mais do que um simples crucifixo ou imagem divina
que, aliás, já tinha gravado no coração.
Os
exercícios de piedade, a que se entregava com fiel vigilância, não a impediam
de se ocupar dos serviços da casa e o admirável é que, quando desempenhava os
seus deveres domésticos, parecia não cogitar no serviço de Deus, como também
quando se absorvia em seus exercícios religiosos, se poderia supor que esquecia
todos os encargos do lar; tanto é certo que essas duas ocupações, na aparência
opostas, se confundiam sempre em sua consciência calma, serena e vigilante.
"A
virtude – escreve Mons. Trochu – passa facilmente do coração
das mães ao coração dos filhos". "Educado por uma mãe cristã,
corajosa e forte –escreveu o Padre Lacordaire da sua mãe– a religião
tinha passado do seu seio para mim, como um leite virgem e sem amargura".
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