O vento da modernidade também soprou sobre Cotia provocando muitas
transformações... Mas... O que está aparecendo é o despertar de uma juventude que caminha em direção oposta ao legado da velha sociedade que chega ao seu fim. Quer dizer, [já se foi a época] dos adeptos de maio de 1968 [revolução studantil anárquica], e de sua ideologia relativista do "politicamente correto". De agora em diante, essa juventude quer escrever uma
nova História.


terça-feira, 6 de setembro de 2011

Tapetes Persas: Tradição e Qualidade


Tapete persa Na'in
     Folheando um jornal de Cotia, nos deparamos com este slogan interessante: Toda a magia do Oriente aos seus pés.  Tratava-se do anúncio de inauguração de uma loja de tapetes orientais – não apenas os persas – na região. O bom gosto ainda subsiste na nossa cidade!
     A frase nos trouxe à memória os contos das Mil e Uma Noites, palácios como o de Alhambra, tendas forradas de magníficos tapetes macios e véus esvoaçantes... E parecíamos “voar” sobre um mágico tapete que sobrevoava um esplêndido deserto dourado e ondulante, mas bastante inóspito, para depois pousar suavemente num oásis, onde nos esperava para um longo repouso um lago cercado de tamareiras.
     Numa outra imagem, víamos os tapetes persas servindo de moldura e repouso para um sultão rodeado de belas peças de serviço cobertas de iguarias que ele generosamente oferece aos seus convidados. O luxo que o cerca é de um bom gosto que nos faz sonhar.
     Mas, na sua origem, os tapetes persas tinham uma finalidade menos charmoso e muito mais prática: eles serviam às tribos nômades como proteção no inverno rigoroso.
     Posteriormente, a tecelagem de tapetes se tornou um meio de expressão artística e uma parte essencial da arte e da cultura persas, manifestadas principalmente na escolha de cores vivas e dos motivos empregados. Os segredos da tecelagem passaram de geração a geração. Os artesãos utilizavam insetos, plantas, raízes, cascas e outros ingredientes como fonte de inspiração.
     A partir do século XVI, a tecelagem de tapetes se desenvolveu até converter-se em arte. E tal arte sofreu várias mudanças em diferentes períodos. Por exemplo, após a invasão mongol, a arte só começou a crescer novamente durante o reinado das dinastias mongóis dos Timúridas e Ilkhanidas.
     Como os materiais utilizados na confecção dos tapetes se decompõem, os arqueólogos raramente conseguem descobrir algum vestígio deles nas escavações arqueológicas. Apenas alguns pedaços desgastados sobreviveram dos tempos antigos e são a única evidência da tecelagem de tapetes. Tais fragmentos dificultam o reconhecimento das características de tecelagem de tapetes anteriores aos séculos XIII e XIV na Pérsia.
     Em 1949, o excepcional tapete Pazyryk foi descoberto entre o gelo do vale Pazyryk, nas Montanhas Altai, na Sibéria. O tapete foi encontrado no túmulo de um príncipe cita. Testes com carbono-14 indicaram que o tapete Pazyryk foi tecido no século V a.C. A avançada técnica de tecelagem usada no tapete Pazyryk indica uma longa história de evolução e de experiências nesta arte.
     O tapete Pazyryk é considerado como o mais antigo tapete do mundo.  Sua área central é de cor vermelho escuro e tem duas grandes bordas, uma representando um veado e a outra um cavaleiro persa. No entanto, acredita-se que o tapete de Pazyryk provavelmente não seja um produto nômade, mas sim um produto de um centro de produção de tapetes aquemênidas.
Tapete persa de Tabriz
     Registros históricos mostram que a corte aquemênida de Ciro, o Grande, em Pasárgada, era decorada com magníficos tapetes. Isto foi há mais de 2500 anos atrás. Alexandre II da Macedônia ficou deslumbrado com os tapetes que viu na área do túmulo de Ciro, o Grande em Pasárgada.
     Existe muita variedade entre os tapetes persas clássicos dos séculos XVI e XVII. Há numerosas sub-regiões que contribuem para as concepções distintas dos tapetes persas deste período, tais como Tabriz e Kerman. Os motivos mais comuns incluem os ramos de videira, arabescos, folhas de palmeiras, conjunto de nuvens, medalhões, e a sobreposição de padrões geométricos em vez de figuras humanas ou de animais.
     Os materiais necessários para a confecção de um tapete persa são: a lã, a seda e o algodão. A lã e a seda são usadas principalmente para o veludo do tapete, e raramente na urdidura e trama, que normalmente são de algodão. A lã de ovelha é a mais usada, principalmente a de fibra larga (extraída do peito e das costas do animal). Chama-se kurk a lã de boa qualidade, e de tabachi a de qualidade inferior. As lãs mais requisitadas procedem de Khorasan ou das tribos luras e curdas.
     O algodão é usado exclusivamente para a urdidura e a trama. Em certos tipos de tapetes, como os de Qom ou de Na’in, o veludo da lã é mesclado com um fio de seda. Nos tapetes mais valiosos o veludo é de seda. Em alguns tapetes antigos são utilizados fios de ouro, de prata ou de seda rodeados de um fio de metal precioso.
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     Segundo Kurt Erdmann, os tapetes do Oriente não chegaram na Europa antes do século XIII. De fato, nas pinturas de Giotto di Bondone (1266-1337) aparecem tapetes presumivelmente de origem persa; provavelmente foi o primeiro a representá-los, seguido de Jan van Eyck (c. 1390 - 1441), Andrea Mantegna (1435-1506), Anthony van Dyck (1599-1641) e Peter Paul Rubens (1577-1640). Os tapetes adquiridos pelos europeus eram muito valiosos para serem estendidos no chão, tal como era costume no Oriente. Os termos usados nos inventários venezianos mostram que os tapetes eram colocados sobre as mesas (tapedi da desco, tapedi da tavola) ou cobrindo arcas que serviam de assento (tapedi da cassa). As pinturas européias confirmam estes usos.
     Atualmente, as técnicas tradicionais de tecelagem estão bem vivas, apesar da maior parte da produção de tapetes ter-se mecanizado. Os tapetes tradicionais tecidos à mão são comprados no mundo todo e geralmente são muito mais caros que os confeccionados à máquina por serem um produto artístico. No Museu do Tapete do Irã, em Teerã, podem ser vistas muitas peças selecionadas de tapetes persas.

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