O vento da modernidade também soprou sobre Cotia provocando muitas
transformações... Mas... O que está aparecendo é o despertar de uma juventude que caminha em direção oposta ao legado da velha sociedade que chega ao seu fim. Quer dizer, [já se foi a época] dos adeptos de maio de 1968 [revolução studantil anárquica], e de sua ideologia relativista do "politicamente correto". De agora em diante, essa juventude quer escrever uma
nova História.


quinta-feira, 21 de junho de 2012

Reflexões sobre um Jubileu

    O Reino Unido esteve em festa nos dias 2 a 5 de junho pp. com a celebração do jubileu de diamante da Rainha Elizabeth II. Aos 86 anos de vida, a rainha completa 60 anos de reinado em 2012. Ela foi coroada alguns meses depois da morte do seu pai, George VI. Ela é a rainha que teve o segundo reinado mais longo da história, depois da rainha Vitória que governou por 63 anos.
     Soberana em 16 países, Elizabeth II comemora o seu Jubileu de Diamante em grande estilo e com a popularidade em alta. A rainha que não parecia destinada ao trono ao nascer tem um dos reinados mais longos da atualidade, conheceu as principais personalidades da segunda metade do século XX para cá e possui uma das coleções de joias mais valiosas do planeta.
     Eliizabeth II conviveu com diversos líderes mundiais e viu o seu país entrar e sair de conflitos militares, assim como sofrer atentados, mas conseguiu provar sua capacidade de adaptação da monarquia diante de tantas situações.
     "Na Inglaterra, o tempo estava feio, com chuva. Mas a festa foi linda de qualquer jeito". "Os súditos levaram guarda-chuva, capa, chapéu. Todo mundo ficou encharcado e feliz, cantando e agitando bandeiras. Mais de um milhão de pessoas ocuparam as duas margens do Rio Tâmisa".
     Estas frases indicam como os festejos foram empolgantes, como as multidões estavam ávidas daquele aparato e como as pessoas amam uma hierarquia carregada de tradições.
-.-.-
Têm os símbolos, a pompa e a riqueza uma função na vida humana?
     É verdade que o cerimonial monárquico inglês é anacrônico e deve ser plebeizado?
     Quis a Providência que houvesse na natureza os materiais belos e preciosos com os quais o engenho humano, retamente movido por um anelo de beleza e perfeição, produz as jóias, os veludos, as sedas, tudo enfim que serve para o ornamento do homem e da vida.
     Imaginar uma ordem de coisas - qualquer que seja a forma de governo, aliás - em que tudo isto fosse proscrito como mau, seria rejeitar dons preciosos concedidos para a perfeição moral da humanidade.
     De outro lado, Deus deu ao homem a possibilidade de exprimir por gestos, ritos, formas protocolares, a alta noção que tem de sua própria nobreza, ou da sublimidade das funções de governo espiritual ou temporal que por vezes é chamado a exercer. Daí, além do luxo, a pompa como elemento natural da vida de um povo culto.
     Esses recursos decorativos foram feitos para adornar a tradição, o poder legítimo, os valores sociais autênticos, e não para serem o privilégio de arrivistas e nouveaux-riches que estadeiam sua opulência — para o que nada os preparou — em boates, cassinos, ou hotéis suntuosos. E muito menos para serem trancados nos museus como incompatíveis com a simplicidade funcional e a sisudez lúgubre de um ambiente mais ou menos sovietizado.
     Assim entendidos, esses elementos decorativos têm essencialmente uma admirável função cultural, didática e prática, da maior importância para o bem comum.
* * *
     Num balcão, a Rainha, o Duque de Edimburgo e seus dois filhos se apresentam aos aplausos da multidão. Séculos de gosto, finura, poder e riqueza prepararam pacientemente essas joias magníficas, essa indumentária nobre, essa perfeita estilização de atitudes e expressões fisionômicas.
     Considerando as conveniências do corpo, é bem possível que a Rainha achasse mais cômodo nessa hora estar de peignoir e chinelos fazendo tricô, o Duque preferisse estar numa piscina, e as crianças rolando num gramado. Mas eles compreendem que essas coisas só se fazem em particular. Elas podem ser boas, por exemplo, para um pastor fazê-las diante de seu rebanho de irracionais; não porém para um chefe de Estado se impor ao respeito de um povo inteligente. A animais se tange fazendo uso de um bordão e dando capim. Para homens, são necessárias convicções, princípios, e em consequência símbolos em que tudo isto se exprima.
     Quando a Família Real assoma assim ao balcão, ela simboliza a doutrina da origem divina do poder, a grandeza de sua nação, o valor da inteligência, do gosto, da cultura inglesa. As multidões aplaudem. Do mundo inteiro, vêm pessoas desejosas de contemplar esta manifestação de grandeza da Inglaterra. E, ao terminar, todos se dispersam dizendo: "que grande instituição, que grande cultura, que grande país".
* * *
     Admirável, legítimo, profundo poder dos símbolos! Só o nega quem não tem inteligência para compreendê-lo. Ou quem quer destruir as altas realidades que estes símbolos exprimem. E ai do país em que — qualquer que seja a forma de governo, repetimos — a opinião pública se deixa transviar por demagogos vulgares, endeusando a trivialidade e simpatizando só com o que é banal, inexpressivo, comum.

Plínio Corrêa de Oliveira - Catolicismo Nº 82, Outubro de 1957 - Excertos de Ambientes, Costumes, Civilizações.

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