Soberana em 16 países, Elizabeth II
comemora o seu Jubileu de Diamante em grande estilo e com a popularidade em
alta. A rainha que não parecia destinada ao trono ao nascer tem um dos reinados
mais longos da atualidade, conheceu as principais personalidades da segunda
metade do século XX para cá e possui uma das coleções de joias mais valiosas do
planeta.
Eliizabeth II conviveu com diversos
líderes mundiais e viu o seu país entrar e sair de conflitos militares, assim
como sofrer atentados, mas conseguiu provar sua capacidade de adaptação da
monarquia diante de tantas situações.
"Na Inglaterra, o tempo estava feio,
com chuva. Mas a festa foi linda de qualquer jeito". "Os súditos
levaram guarda-chuva, capa, chapéu. Todo mundo ficou encharcado e feliz,
cantando e agitando bandeiras. Mais de um milhão de pessoas ocuparam as duas
margens do Rio Tâmisa".
Estas frases indicam como os festejos
foram empolgantes, como as multidões estavam ávidas daquele aparato e como as
pessoas amam uma hierarquia carregada de tradições.
-.-.-
Têm
os símbolos, a pompa e a riqueza uma função na vida humana?
É verdade que o cerimonial monárquico
inglês é anacrônico e deve ser plebeizado?
Quis a Providência que houvesse na
natureza os materiais belos e preciosos com os quais o engenho humano,
retamente movido por um anelo de beleza e perfeição, produz as jóias, os
veludos, as sedas, tudo enfim que serve para o ornamento do homem e da vida.
Imaginar uma ordem de coisas - qualquer
que seja a forma de governo, aliás - em que tudo isto fosse proscrito como mau,
seria rejeitar dons preciosos concedidos para a perfeição moral da humanidade.
De outro lado, Deus deu ao homem a
possibilidade de exprimir por gestos, ritos, formas protocolares, a alta noção
que tem de sua própria nobreza, ou da sublimidade das funções de governo
espiritual ou temporal que por vezes é chamado a exercer. Daí, além do luxo, a
pompa como elemento natural da vida de um povo culto.
Esses recursos decorativos foram feitos
para adornar a tradição, o poder legítimo, os valores sociais autênticos, e não
para serem o privilégio de arrivistas e nouveaux-riches que estadeiam sua
opulência — para o que nada os preparou — em boates, cassinos, ou hotéis
suntuosos. E muito menos para serem trancados nos museus como incompatíveis com
a simplicidade funcional e a sisudez lúgubre de um ambiente mais ou menos
sovietizado.
Assim entendidos, esses elementos
decorativos têm essencialmente uma admirável função cultural, didática e
prática, da maior importância para o bem comum.
* * *
Num balcão, a Rainha, o Duque de Edimburgo
e seus dois filhos se apresentam aos aplausos da multidão. Séculos de gosto,
finura, poder e riqueza prepararam pacientemente essas joias magníficas, essa
indumentária nobre, essa perfeita estilização de atitudes e expressões
fisionômicas.
Considerando as conveniências do corpo, é
bem possível que a Rainha achasse mais cômodo nessa hora estar de peignoir e
chinelos fazendo tricô, o Duque preferisse estar numa piscina, e as crianças
rolando num gramado. Mas eles compreendem que essas coisas só se fazem em
particular. Elas podem ser boas, por exemplo, para um pastor fazê-las diante de
seu rebanho de irracionais; não porém para um chefe de Estado se impor ao
respeito de um povo inteligente. A animais se tange fazendo uso de um bordão e
dando capim. Para homens, são necessárias convicções, princípios, e em consequência
símbolos em que tudo isto se exprima.
Quando a Família Real assoma assim ao
balcão, ela simboliza a doutrina da origem divina do poder, a grandeza de sua
nação, o valor da inteligência, do gosto, da cultura inglesa. As multidões
aplaudem. Do mundo inteiro, vêm pessoas desejosas de contemplar esta manifestação
de grandeza da Inglaterra. E, ao terminar, todos se dispersam dizendo:
"que grande instituição, que grande cultura, que grande país".
* * *
Admirável, legítimo, profundo poder dos
símbolos! Só o nega quem não tem inteligência para compreendê-lo. Ou quem quer
destruir as altas realidades que estes símbolos exprimem. E ai do país em que —
qualquer que seja a forma de governo, repetimos — a opinião pública se deixa
transviar por demagogos vulgares, endeusando a trivialidade e simpatizando só com
o que é banal, inexpressivo, comum.
Plínio Corrêa de Oliveira - Catolicismo Nº 82, Outubro de 1957 - Excertos de Ambientes, Costumes, Civilizações.
Plínio Corrêa de Oliveira - Catolicismo Nº 82, Outubro de 1957 - Excertos de Ambientes, Costumes, Civilizações.
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